Fotos
daquele churrasco em que todos beberam demais, frases do tipo “não aguento mais
trabalhar” ou “eu odeio o meu chefe” são comuns no face book. Mas, quem já tem
ou que está a procura de emprego, deve pensar mil vezes antes de expor sua vida
nas redes sociais. Os exageros podem acarretar em demissão ou a eliminação de
candidatos.
Face
book, Orkut e Twitter passaram a ser utilizados como ferramentas investigativas
na seleção de interessados em vagas tanto na iniciativa privada como na
pública.
Como
exemplo, Roberto Martins, que é gerente de recursos humanos da Beneficência
Portuguesa e professor de RH da Tecnoponta, revela que utiliza a ferramenta
para “confrontar realidades”.
“A
entrevista não é substituída pela busca do perfil do candidato nas redes
sociais. O que fazemos é pesquisar sobre o comportamento, e identificar
atitudes que estejam ou não em equilíbrio com o perfil da empresa. Muitas
vezes, o que o candidato diz na entrevista é desmentido nessa pesquisa”,
explica.
Martins
diz que avalia o linguajar, as comunidades as quais o candidato participa,
entre outros aspectos. “Se a pessoa aparece em fotos com diversas cores no
cabelo, alargador na orelha não pode contratar para o cargo de recepcionista,
por exemplo. Mas isso sempre depende do perfil da empresa.”
Por
outro lado, as redes sociais também podem ajudar na hora de procurar um
emprego. “A internet pode ser um meio fácil e eficiente de procurar e conseguir
um emprego basta saber usar”.
Sem
pesquisa – Entretanto, nem todos concordam em avaliar elementos da vida privada
para o exercício da carreira profissional. A dona de uma consultoria de
recursos humanos em Santos, Roberta Trigo, considera antiético fiscalizar Face
book e Orkut. “Não podemos julgar o profissional pelo que ele faz fora do
trabalho. Muitas vezes, as fotos e comentários publicados correspondem a um
momento de diversão, explosão, não podemos generalizar e julgar”, defende.
“Para
o professor de Direito e especialista em Direito Eletrônico, Marco Antônio
Araújo Junior, a prática além de não ser ilegal está dentro do poder
investigativo da empresa ou da banca examinadora, quando nos casos de concursos
públicos.” A seleção e a entrevista tem caráter subjetivo. “Desta forma,
identificar candidatos que tenham comentários ou participem de comunidades
preconceituosas, sexistas, homo fóbicas ou que instiguem a prática de crimes
pode ser mais um critério de exclusão”.
O
especialista defende a busca de dados da vida atual e pregressa de candidatos a
empregos públicos ou privados na internet. “O futuro empregador pode ter
ciência do perfil do candidato a partir de suas preferências ou associações, e
aprová-lo ou não em um processo seletivo”. Um dos grandes problemas, de acordo
com Martins é que muitos candidatos que participam de processos seletivos não
se dão conta de que sua página no Face book, Orkut ou Twitter pode estar sendo
monitorada e, em razão disso, acabam adotando posicionamentos inapropriados.
“Manter
uma conduta equilibrada, sem excesso de exposição, com fotografias sóbrias pode
ser um diferencial para quem pretende encontrar uma posição de destaque no
mercado de trabalho.”, adverte o professor. (A Tribuna On-line)